Cinco anos após se divorciarem, Dan Pyatt e Kelly Hope nunca precisaram tanto um do outro quanto agora. Dan passou doze meses na fila de espera por um doador de rim, sem sucesso. Sensível à angústia do ex-marido, Kelly decidiu fazer o teste para ver se era compatível.
“Lembro dele me dizer: ‘eu não posso pedir isso de você’. Mas eu disse que era minha decisão e que tomaria os riscos conscientemente“, disse.
“Mesmo não estando mais juntos há anos, eu não estava preparada para deixar minhas filhas ficarem sem pai”, desabafou Kelly. “E Dan tem apenas 44 anos – ele tem muito a viver ainda.”
Dan e Kelly começaram a namorar aos 18 anos e se casaram 13 anos depois, em 2007 – mas menos de um ano depois, Dan ficou doente devido a um tipo agressivo de doença renal.
Esperando sua segunda filha, os dois foram avisados de que em 10 anos ele precisaria de um transplante. “Não havia histórico de problemas renais na família de Dan, ele que não deu sorte mesmo”, brinca Kelly, 43 anos. “Ele estava sempre cansado e tinha sintomas de gripe e dores de cabeça, o que não é muito comum para um motorista de táxi.”
Dan passou os últimos doze anos tomando medicamentos e sendo monitorado por uma equipe médica, até que em setembro de 2017 foi informado de que sua função renal havia caído para apenas 8% da capacidade e que ele seria colocado em diálise, enquanto esperava em uma lista fechada por um doador compatível.
Infelizmente, a essa altura o casamento deles havia desmoronado. “Não estávamos mais envolvidos, não conseguíamos nos conectar, apesar de termos tentado seguidas vezes”, diz Kelly. “Então nos afastamos. Meses depois, assinamos o divórcio, mas mantemos uma amizade saudável em prol das crianças nos anos que se seguiram.”
Neste ano, após muito esperar por um doador que nunca chegou, a saúde de Dan começou a se deteriorar rapidamente. “Ele estava ficando muito doente… então ficou claro pra mim o que eu devia fazer”, disse a ex-esposa.
“Ele não me pediu nada. Eu apenas avisei que iria tentar [fazer o teste de compatibilidade]”.
Testes iniciais mostraram que Kelly e Dan possuíam uma excelente combinação de tecidos, mas o sangue deles não era compatível. “Nós tínhamos a opção de entrar em um grupo de doadores, onde eu doaria para alguém, então esse alguém doaria para Dan em troca. Infelizmente, isso aconteceu duas ou três vezes por ano, então as chances eram pequenas.”
Eles estavam ficando sem tempo, então, após considerarem os riscos, o ex-casal decidiu realizar um transplante de órgão com tipo sanguíneo incompatível, que envolve a remoção de anticorpos do sangue para evitar a rejeição.
“Conversamos com as meninas, e decidimos ser francos com elas”, disse Dan. “Foi um papo muito emocionante… estávamos confiantes de que daria certo.”
A operação foi um sucesso e Dan recebeu alta do hospital apenas cinco dias depois. “Você se sente um novo homem – a mudança, após o transplante, é imediata”.
Semanas depois, o ex-marido de Kelly voltou a trabalhar normalmente. Nos fins de semana, ele visita as filhas, de 16 e 11 anos, para almoçarem juntos.
“As pessoas nos perguntam se voltamos a ficar juntos. Eu digo que sim, mas de uma maneira diferente”, afirma Kelly.
“Viramos melhores amigos, tal qual éramos na época da escola, antes de começarmos a namorar”, diz Dan. “Podemos não ser casados agora, mas ainda somos uma família – uma família diferente, mas muito feliz e unida.”