Imagens de segurança do berçário registraram o momento em que Flaviane Lima, proprietária da unidade, percebe que deixou o menino Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos, dentro de seu veículo por quatro horas em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. A gravação, obtida com exclusividade pela TV Anhanguera, também capta a tentativa da empresária e suas funcionárias de prestar socorro à criança.
Nas imagens, Flaviane demonstra desespero ao notar o ocorrido e questiona como relatará a situação. "Meu Deus do céu... Acho que esqueci dentro do carro. Como é que eu vou falar que eu esqueci uma criança dentro do carro?", diz a empresária em um dos trechos da gravação.
O advogado de Flaviane, Gildo Franks, afirmou ao g1 que a defesa ainda não foi intimada sobre a conclusão do inquérito. Ele destacou que as imagens mostram que sua cliente tentou prestar socorro ao menino, apesar do desespero.
Demora no pedido de socorro
Outro trecho do vídeo revela uma funcionária sugerindo chamar ajuda, mas Flaviane a impede. Mais tarde, em meio ao pânico, a dona da creche telefona para o marido e cogita fugir. "Eu não sei se eu fujo, o que eu faço? Mas eles vão me matar, porque o menino 'tá' morto, 'tá' roxo", declara.
A investigação da Polícia Civil apontou que o pedido de socorro demorou cerca de 10 minutos. Durante esse tempo, Flaviane teria tentado reanimar a criança jogando água sobre ela.
Indiciamento por homicídio culposo
O inquérito policial concluiu que Flaviane cometeu homicídio culposo, sem intenção de matar. O delegado responsável, André Fernandes, explicou que, embora a empresária tivesse a responsabilidade de cuidar do menino, não há indícios de que o esquecimento tenha sido proposital. "Ela tinha consciência de seu dever de zelar pela criança, mas não percebeu que ele ainda estava no carro e corria risco", afirmou.
A Justiça concedeu prisão domiciliar à empresária, determinando ainda o cumprimento de medidas cautelares.
Causa da morte
O laudo médico indicou que Salomão Faustino morreu por intermação, condição provocada pelo aumento excessivo da temperatura corporal. Ele ficou preso à cadeirinha do carro, com os vidros fechados, por quatro horas. Segundo a Polícia Científica, exames complementares foram solicitados para esclarecer detalhes do óbito.
Depoimento dos pais
A mãe do menino, Giselle Rodrigues, relatou que, no dia do incidente, o filho estava acordado quando foi levado ao berçário. "Meu filho não foi dormindo. Ele foi completamente acordado e ficava atrás dela. Não sei como puderam esquecer do meu filho", desabafou.
O pai, Vilmar Faustino, contou que recebeu uma ligação pedindo que fossem ao hospital, sem detalhes sobre a gravidade da situação. "Quando chegamos, vimos que tentavam reanimá-lo, mas não sabíamos o motivo. Pouco depois, recebemos a notícia da morte", lamentou.
Nas redes sociais, Giselle expressou a dor da perda. "Como voltarei para casa sem ver sua alegria? Não consigo fechar os olhos sem imaginar seu sofrimento. Perdoa a mamãe, meu amor", escreveu.