Os furtos de fios elétricos têm se tornado um problema recorrente em Tubarão, causando prejuízos e impactando a segurança pública. No dia 6 de janeiro, a fiação do sistema elétrico da ponte Orlando Francalacci, conhecida como ponte do Quartel, foi furtada, deixando a estrutura sem iluminação. O mesmo problema já havia sido constatado em dezembro na ponte Manoel Alves dos Santos, no bairro Morrotes.
A situação se agravou ainda mais no dia 10 de janeiro, quando cerca de 50 metros de fios foram levados de postes de iluminação do Parque Linear, na avenida Marechal Deodoro, na beira-rio. O trecho afetado fica entre o prédio do Facilita Tubarão e a passarela Ângelo Zabot.
Diante dessa realidade, a Polícia Civil, por meio da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Tubarão, intensificou os esforços para identificar e responsabilizar os autores desses crimes. Em entrevista ao HC, o delegado Bruno Martins detalhou o funcionamento das investigações, os desafios enfrentados e a importância da colaboração da população para combater essa prática criminosa.
Segundo o delegado, a Polícia Civil inicia as investigações a partir dos boletins de ocorrência, que podem ser registrados presencialmente ou pela delegacia virtual. Se já houver um suspeito identificado, o caso é encaminhado para a Delegacia da Comarca. Caso contrário, a DIC assume a investigação.
"O primeiro passo é verificar se há imagens do crime. Muitos furtos são elucidados com base em gravações do momento da ação. Se tivermos apenas imagens do local após o furto, elas ajudam se já tivermos um suspeito. Mas o ideal são registros do flagrante", explica.
Os criminosos costumam agir de maneira reiterada, o que permite a análise de diversos boletins de ocorrência para identificar padrões e cruzar com imagens para chegar ao suspeito. Com provas suficientes, a polícia instaura um inquérito e pode solicitar a prisão preventiva ao Judiciário.
Um jovem de 19 anos, usuário de crack, foi preso pela Polícia Civil de Tubarão por furto de fios no dia 5 de fevereiro. O suspeito foi capturado no bairro Passagem (Área Verde).
Apesar das identificações e prisões, a legislação brasileira impõe dificuldades na manutenção dos criminosos detidos. "A pena para furto é baixa. Muitas vezes, um reincidente é preso, mas acaba solto logo depois. Tivemos casos de suspeitos que furtaram fios e tubulações inteiras, como no Banco do Brasil no centro da cidade. Identificamos e prendemos o autor, mas ele já está solto", lamenta o delegado.
A dificuldade na captura também é um problema, pois muitos criminosos são moradores de rua e dependentes químicos, tornando sua localização mais complexa.
Outro obstáculo é comprovar a receptação do material furtado pelos ferros-velhos. Os criminosos queimam os fios para remover o revestimento plástico, vendendo apenas o cobre, o que torna difícil individualizar e comprovar a origem ilegal.
No entanto, investigações minuciosas já resultaram em responsabilizações. "Em 2022, uma empresa de Tubarão que fabrica transformadores foi alvo de furtos. Conseguimos encontrar fios idênticos em um ferro-velho. O dono da empresa afirmou que apenas eles utilizavam aquele tipo de fio na cidade. Com essa prova, conseguimos indiciar o receptador", relembra Bruno.
Importância da colaboração da população
A população tem papel fundamental no combate aos furtos de fios. O delegado reforça a importância da instalação de câmeras de boa qualidade, que registrem imagens nítidas, facilitando a identificação dos criminosos. "A segurança pública é um dever de todos, não apenas do Estado", ressalta.
Para conseguir uma prisão preventiva, é essencial comprovar a recorrência dos crimes. Se um suspeito comete apenas um furto simples, a pena varia entre 1 e 4 anos, dificultando a detenção. Mas, quando associado a vários crimes, a polícia consegue demonstrar ao Judiciário que ele representa um risco à ordem pública.
"A Polícia Civil não pode trabalhar apenas com suspeitas ou achismos. Precisamos de provas concretas. Sem câmeras ou testemunhas, a investigação se torna muito mais difícil", finaliza o delegado Bruno. A população pode contribuir denunciando atividades suspeitas e fornecendo imagens de segurança sempre que possível. Com esse apoio, as autoridades têm mais condições de atuar contra os furtos e garantir a segurança na cidade.