A tragédia causada por uma enchente sem precedentes na Espanha resultou em 205 mortes, conforme informado pelas autoridades locais nesta sexta-feira (1º). A maior parte das fatalidades ocorreu na cidade de Valência, onde 202 vidas foram perdidas, enquanto as outras vítimas estão nos estados vizinhos de Castilla-La Mancha e Andaluzia. Vários cidadãos continuam desaparecidos, e o ministro dos Transportes destacou que muitas pessoas ficaram presas em seus veículos.
As enchentes, resultantes de uma tempestade que durou apenas oito horas, devastaram a região de Valência, deixando danos comparáveis a um furacão ou tsunami, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (Aemet). Moradores relataram um cenário de desolação, com centenas de carros empilhados e a cidade em completa falta de alimentos, água e eletricidade. Saques foram registrados, e a população depende da ajuda de voluntários que estão levando doações.
Consideradas a pior tragédia ambiental do século no país, as enchentes se tornaram o mais grave desastre desse tipo na história moderna da Espanha, superando as ocorrências anteriores na Romênia, em 1970. O governo decidiu mobilizar o Exército para a região, com o objetivo de auxiliar na limpeza e no envio de suprimentos aos moradores.
Três dias após a catástrofe, moradores da parte sul de Valência, a mais atingida, expressaram descontentamento com a falta de avisos adequados antes do desastre. As equipes de resgate continuam a buscar desaparecidos, principalmente em bairros como Paiporta e Torrent, onde muitos dos desaparecidos podem estar dentro de carros soterrados pela lama.
Os relatos indicam que a tempestade, que atingiu a costa mediterrânea da Espanha, trouxe chuvas intensas, as piores registradas neste século. Cientistas apontam a relação desse evento extremo com as mudanças climáticas, que elevaram a temperatura do mar Mediterrâneo.
Os esforços de resgate, que envolvem mais de mil soldados, buscam recuperar corpos e salvar sobreviventes. A ministra da Defesa informou que os militares já conseguiram resgatar mais de 110 pessoas e recuperaram 22 corpos até a noite de quarta-feira. Enquanto isso, diversas campanhas de doação estão sendo organizadas para apoiar os desabrigados, com clubes e organizações se mobilizando para arrecadar recursos.
Após a calamidade, o governo enfrenta críticas pela lentidão em emitir alertas. Os moradores relataram que as notificações foram enviadas somente quando a situação já era crítica. O primeiro-ministro pediu à população que permanecesse em casa e seguisse as orientações das autoridades de emergência.
Enquanto a cidade se recupera e busca por desaparecidos, a realidade da enchente se torna um lembrete doloroso da vulnerabilidade diante das forças da natureza e das consequências das mudanças climáticas na região.