Uma médica de 39 anos foi presa suspeita de atirar contra o ex-companheiro, da mesma idade, em Jaraguá do Sul. A tentativa de homicídio ocorreu dentro do apartamento que o homem havia alugado para passar o Dia dos Pais com o filho do ex-casal, de 8 anos. O filho dos dois presenciou parte do crime, que aconteceu no domingo (11).
O baleado, que afirmou ser policial militar licenciado no Mato Grosso do Sul, disse em depoimento que a mulher estava escondida em um armário antes de disparar os tiros. Ele foi atingido por três disparos, está hospitalizado e não corre risco de morte nesta quarta-feira (14).
A mulher teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Ela alega que agiu em legítima defesa, conforme o advogado dela.
Imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que a mulher aparece no corredor do prédio usando ferramentas na fechadura para entrar no apartamento. O portal não teve acesso à integra das imagens.
Segundo o delegado Caleu Henrique Gomes de Mello, todas as imagens serão verificadas a partir desta quarta para confirmar a dinâmica do crime. O homem foi atingido por três disparos, mas testemunhas afirmaram terem ouvido ao menos cinco disparos.
"O que se sabe é que ela invadiu e entrou no imóvel antes do ex entrar. O filho é de ambos. Estava no andar de baixo, mas subiu após ouvir os disparos e presenciou parte do crime", detalhou o investigador.
De acordo com Mello, a pistola 9 milímetros usada para os disparos era da suspeita, que possui certificado de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC). A arma foi apreendida.
O que diz a médica
O advogado Daniel de Mello Massimino, que faz a defesa da médica, contou o relato dela sobre o caso.
"A versão apresentada pela suposta autora dos disparos, minha cliente, é a de que ela se dirigiu ao local em que se deu a ocorrência por conta da preocupação com relação à saúde de seu filho, que estava naquele momento com o pai. Essa preocupação se deveu ao fato de que ela não conseguiu contato telefônico com o mesmo. Na verdade, esse contato foi bastante conturbado ali, então ela foi ao local".
"Como havia um histórico de longa data de violência, ela foi com a arma que ela tinha, ela tem CAC. Ela foi com essa arma, cujo CAC foi justamente tirado por conta dessa situação também, que havia ali essa litigia. Então, ao chegar ao local, houve um início de atrito verbal entre ambos, que acabou se desdobrando numa agressão por parte do genitor".
"Ele estava tentando contra a vida dela na visão do momento que ela teve. Ela se utilizou da arma para repelir essa agressão que ela estava sofrendo. E esse foi o desfecho da situação. Então a posição dela, a versão dela dos fatos, é a de que ela agiu em legítima defesa dentro do apartamento. Não se nega que tenha havido ali de fato os tiros, até porque eles são evidentes", concluiu o advogado.
Investigação
Inicialmente, em depoimento, a médica alegou legítima defesa, mas a Polícia Civil suspeita de crime premeditado. Segundo o relato da PM, o crime teria ocorrido após uma briga entre a mulher e o homem. O síndico que morava no apartamento em frente, no entanto, disse não ter ouvido discussão antes dos disparos.
"À princípio, a versão dela não faz sentido. Ela alugou um apartamento, no dia do crime, no mesmo local, invadiu o apartamento antes de a vítima chegar e já entrou no imóvel armada", afirmou o delegado.
Apesar da apuração não corroborar com a versão da médica, Mello destacou que a investigação segue em andamento. A perícia do local do crime também não havia sido concluída até esta quarta para comprovar como os disparos aconteceram.
Contato com filho e medida protetiva
Ainda conforme o delegado, a médica se recusava a permitir o contato entre pai e filho e teria descumprido decisões judiciais que permitiam a visitação do homem.
No final de semana do crime, o pai conseguiu buscar a criança na escola, na sexta (10), por conta de uma ordem de busca e apreensão. Ele iria entregar a criança na escola na segunda (12).
A Polícia Civil também afirmou que havia uma medida protetiva envolvendo o ex-casal e que a suspeita e a vítima não deveriam ter qualquer tipo de contato. Os detalhes da liminar não foram divulgados.
O delegado, no entanto, afirmou que os dois viviam juntos no Mato Grosso do Sul e quando se separaram ela foi para o Nordeste do país e, depois, para Jaraguá do Sul. Já o pai permaneceu no mesmo estado e viajou para Santa Catarina no fim de semana apenas para ver o filho.
Após o crime, o filho dos dois ficou aos cuidados do Conselho Tutelar.