Dados divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18), colocam Santa Catarina no topo do ranking em número de golpes pela internet. Em 2023, foram 64.482 crimes deste tipo, uma taxa de 847,3 para cada 100 mil habitantes.
O número representa uma leve queda em relação ao registrado em 2022, quando foram 64.646 crimes do tipo registrados no Estado. A redução, de apenas 0,3%, ainda deixa o Estado na primeira colocação do ranking e muito acima do segundo colocado, Minas Gerais, onde foram 40.906 estelionatos em meio eletrônico registrados no ano passado.
Em todo o Brasil foram 235.393 registros de estelionato por meio eletrônico. Em 2021, o crime foi tipificado no Código Penal. A legislação considera esta uma forma qualificada do crime de estelionato, e, por isso, prevê uma pena mais severa, que pode chegar a oito anos, podendo ainda ser aumentada caso seja cometido com servidor (computador, por exemplo), registrado fora do Brasil.
O que pode explicar alto número de ocorrências
Para o presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina, Guilherme Stinghen Gottardi, o uso mais frequente da internet colabora para a prática cada vez maior de crimes que ocorrem de forma digital.
— Outro fator que deve ser levado em consideração é o agravamento das penas e o maior enfrentamento contra o tráfico de drogas, que gera a migração dos criminosos para o mundo virtual, com aplicação de golpes cada vez mais modernos e inteligentes — afirma o advogado.
Ele reforça ainda que estes crimes não necessariamente são cometidos por pessoas que moram em Santa Catarina. O número, no entanto, é de vítimas catarinenses.
— O trabalho desempenhado pelas forças policiais em Santa Catarina também pode ser considerado como fator no aumento da ocorrência de crime de estelionato, já que Santa Catarina é referência no treinamento e qualificação de agentes de segurança e na utilização de recursos tecnológicos, o que gera incentivo para as vítimas registrarem as ocorrências. Os dados são organizados e compilados de forma mais eficaz, diferente do que ocorre em outros estados — conclui.