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22/03/2024 11h27

Histórias da enchente de 1974: a bebê de cinco meses resgatada do quartel

Essa é uma das histórias tocantes da enchente de 1974. Confira:
Histórias da enchente de 1974: a bebê de cinco meses resgatada do quartel
Esta é uma das histórias marcantes da enchente de 1974, resgatada pelo Portal HC por meio de uma conversa com o pesquisador Dilson Piovesan, que tinha 18 anos quando o Rio Tubarão atingiu o nível máximo. Dilson também é um ex-soldado que atuou salvando vidas naquela semana. Confira o relato:


Era dia 24 de março de 1974, por volta das 19h. A enchente já tomava conta de boa parte da cidade. O comandante Varella e o subcomandante, Capitão Paulo, juntamente com quatro soldados, estavam prestes a abandonar o quartel no bairro Passagem, quando o Sr. Luis Esmeraldino chegou desesperado, pedindo socorro para sua família. "Eles residiam ao lado da Apae, na Passagem", conta Dilson. Sem hesitação, embarcaram em uma canoa para ajudá-los. O Major Varella designou o Capitão e mais três soldados para realizar o resgate.

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O Sr. Luis Esmeraldino, sua esposa Santina de Godoy Esmeraldino (ambos em memória), a bebê Iara, de apenas cinco meses, Gesyane, de 2 anos, Solange, com dez anos, e Suzana, com treze anos (atualmente residindo no Canadá), foram resgatados com dificuldade devido ao transbordamento do rio. Ao chegarem ao quartel, foram forçados a passar a noite ali, improvisando abrigo em cima de mesas na sala do comandante.


"Durante a noite, a menina de cinco meses começou a chorar de fome. O Capitão Paulo perguntou a Dona Santina se ela tinha algo para alimentá-la, e ela mencionou ter leite ninho. O Capitão utilizou água da chuva e um fogareiro do kit de sobrevivência do exército para preparar uma mamadeira, garantindo assim a alimentação da criança", conta Dilson.

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Na manhã seguinte, dia 25 de março, por sorte, um helicóptero estava estacionado no campo do quartel, que quase foi levado pelas águas. Outro helicóptero veio para resgatá-lo, e ao ouvirem o barulho, o Major Varella quebrou o forro e improvisou um sinal de socorro, permitindo que fossem avistados e resgatados, levando-os para a catedral, evitando assim mais dias de angústia.


O pesquisador Dilson Piovesan procurou por essa família, e os filhos confirmaram toda a história. O nível da água chegou a dois metros na frente da porta do quartel, e também em frente à janelas. Os filhos relembram uma conversa que ouviram entre os soldados. "Se esse vidro estourar, nós vamos morrer todos", disse o militar ao colega, temendo pela própria vida. 


Desenho: Francisco Natalino (Neo). O desenho ilustra o fato descrito acima.


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