Denunciada à polícia após e agredir e proferir ofensas homofóbicas contra um casal numa padaria em São Paulo no último sábado, a empresária Jaqueline Santos Ludovico, de 33 anos, é acusada de protagonizar um esquema que movimentou R$ 200 mil em Tubarão. Segundo o processo que tramita na Justiça catarinense, ela teria recebido o montante de uma empresa de Tubarão, numa prática ilícita conhecida na praça como “golpe da publicidade”.
Jaqueline é dona da empresa JSL Marketing e Assessoria Ltda. Em 24 de setembro de 2021, a secretária Viviane Vicente contatou Jaqueline para fazer anúncios na internet da empresa do seu irmão, Ênio Vicente, proprietário da Retífica de Motores Master. As partes assinaram um contrato. A partir daí, segundo conta, a secretária passou a fazer pagamentos esporádicos a Jaqueline mesmo sem ver os anúncios da empresa do seu irmão no ar. No total, Viviane pede que a empresária devolva um montante de quase R$ 200 mil.
Viviane conseguiu por meio da ação cautelar que Jaqueline tivesse duas contas bancárias bloqueadas oito vezes pela Justiça. No entanto, só haviam nelas R$ 5.651,53.
No processo, Jaqueline não apresentou provas de que fez os anúncios prometidos a Viviane. Já a secretária sustenta na ação que ela passou a ser vítima de extorsão e ameaças, uma vez que Jaqueline dizia que, se não recebesse parcelas previstas no contrato, colocaria o nome da retífica de motores em listas de restrições da Receita Federal. Em outro contato, Jaqueline disse que a empresa seria executada e iria à falência. Com medo, Viviane fez novos pagamentos.
Em outro imbróglio judicial, desta vez como autora, Jaqueline move uma ação na Justiça de São Paulo por danos morais e estéticos. Em 3 de agosto de 2022, ela viu um anúncio promocional da Clínica Gabriela Barreto. A empresária ficou interessada em fazer um procedimento conhecido como rinomodelação para elevar, afinar e projetar a ponta do nariz, além de diminuir levemente as suas asas nasais.
O procedimento custava R$ 6.500, mas, se ela pagasse em dinheiro vivo, o preço cairia para R$ 1.800. Jaqueline fechou negócio e submeteu-se ao procedimento estético, mas não gostou do resultado, classificado como “desastroso”. Na ação, a paciente argumenta que seu nariz ficou infeccionado e com princípio de necrose. Além disso, ela diz que teve tecido para enxerto retirado da perna, causando uma cicatriz aparente de 17 centímetros.
Em sua defesa, a clínica sustenta que Jaqueline sabia dos riscos e que, provavelmente, não seguiu as recomendações do esteticista, como não ingerir bebidas alcoólicas nem fumar por duas semanas após o procedimento. Nessa ação, a empresária pede R$ 50 mil em indenização.
No sábado, Jaqueline foi apontada como autora de um ataque homofóbico na padaria Iracema, no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo. Nesta quarta-feira, ela foi identificada e intimada pela Polícia Civil a prestar depoimento sobre a violência que vitimou o casal Rafael Gonzaga e Adrian Grasson Filho.
— Vivemos um filme de terror. Tudo começou por volta das 4 da manhã, quando estacionamos ao lado do carro dela. Essa mulher começou a gritar ofensas contra nós. Jogou um cone no rosto do Adrian ainda na rua. Nós entramos na padaria e, para a nossa surpresa, ela foi atrás — lembra Rafael.
Dentro da padaria, alterada, Jaqueline começou a gritar: “Eles acham que podem fazer o que quiserem porque são veados”. Com o princípio de tumulto, um cliente disse que estava ligando para o 190. A agressora reagiu, em cenas registradas em vídeo: “Chama a polícia e vamos ver quem vai ser preso aqui. Eu sou branca de família tradicional. (...) Você nasceu homem, seu lixo. Eu sou mais macho que vocês. Sou mais mulher do que vocês”, disse.
Em seguida, Jaqueline avançou contra Adrian, acertando seu olho. Ela chegou a ser afastada, mas voltou para perto dos jovens. “Tirei sangue seu e foi pouco”, frisou, antes de arrematar: “Os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação”.
Jaqueline e seus advogados foram procurados por O GLOBO, mas não retornaram o contato.
Informações de: Coluna True Crime, por Ullisses Campbell. O Globo.