O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a absolvição dos professores Márcio Santos e Sônia Maria Silva Correa Souza Cruz, do curso de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), investigados na Operação Ouvidos Moucos. A operação, deflagrada em 2017, apurava suspeitas de fraude em licitação e desvio de recursos na instituição, caso que levou ao afastamento do então reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que tirou a própria vida no mesmo ano.
O irmão do reitor que morreu na época do caso falou ao HC Notícias sobre as novas notícias sobre o acontecido: “Depois de sete anos de aflição e sofrimento, a nossa família recebeu com alegria a notícia da inocência dos professores da UFSC acusados na Operação Ouvidos Moucos. O nosso irmão, Luiz Carlos Cancellier, foi injustamente acusado, sofreu e teve sua reputação destruída. Agora, a própria Justiça reconhece que ele e os demais foram acusados sem provas. A vida de Cancellier não será recuperada, mas este grande erro está sendo reparado”, comentou Julio Cancellier.
De acordo com o parecer do procurador da República André Stefani Bertuol, não há provas que sustentem as acusações contra os docentes. O documento, publicado em 31 de janeiro deste ano e encaminhado à 1ª Vara Federal de Florianópolis, aponta que testemunhos e interrogatórios afastaram as imputações contra os professores, demonstrando que eles "não concorreram para os crimes descritos na denúncia". Apesar da recomendação de absolvição para Márcio e Sônia, o MPF manteve o pedido de condenação de outros quatro réus, entre eles servidoras da UFSC e empresários, sob acusação de formar uma organização criminosa para superfaturamento de contratos.
A Operação Ouvidos Moucos investigava um esquema de desvio de cerca de R$ 80 milhões por meio de fraudes em licitações para contratação de serviços na UFSC. O reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo chegou a ser preso preventivamente e afastado, e sua morte causou ampla repercussão. Em 2023, o Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu a inocência do ex-reitor e arquivou o processo contra ele. Agora, com a manifestação do MPF, os professores também podem ser oficialmente inocentados.