Com informações de G1 SC
O corpo de um homem assassinado a tiros em 2013 em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi identificado 12 anos depois de ser sepultado. A identificação foi possível após análise da ponta de um dos dedos. Para Victor Alves da Silva Turra, de 22 anos, o reconhecimento de Rafael Tura, seu pai, traz alívio aos avós.
"Para minha avó e para o meu avô, que estão há anos atrás dele, é uma sensação de alívio por pelo menos saber o que aconteceu com ele, que não está perdido por aí, talvez passando dificuldades", comentou.
Com a descoberta de janeiro, a Polícia Civil informou que vai reabrir o inquérito que investiga o homicídio de Rafael. Até então, ele era considerado desaparecido pelas autoridades.
Rafael desapareceu quando Victor ainda era uma criança, em 2013. Naquela mesma época, um corpo foi encontrado próximo a uma comunidade indígena de Chapecó. Em estado avançado de decomposição, a identificação não pôde ser feita, e o corpo foi sepultado sem qualquer informação sobre ele.
Em novembro de 2024, com a suspeita de que se tratava de Rafael, a exumação foi feita a pedido da Polícia Científica. As análises do órgão já tinham começado em setembro, durante a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, do Ministério da Justiça.
"Quase tínhamos certeza que isso [a morte] poderia ter acontecido, até porque foram muitos anos sem nenhum tipo de contato com ele. Meus avós tiveram 12, quase 13 anos para se preparar para essa notícia. Na verdade, já foram aceitando a notícia ao longo dos anos", contou.
Ao revisitar casos antigos, a Polícia Científica constatou que nos registros de Rafael Tura, até então considerado desaparecido, não constava a impressão digital do indicador direito. "Nas imagens do local pericial [onde o corpo foi encontrado], deu para ver que o cadáver encontrado não tinha esse indicador direito", explicou Felipe Salata Braga, superintendente Regional de Polícia Científica em Chapecó.
Essa semelhança, então, foi o gatilho para a suspeita inicial de que o corpo era de Rafael. Familiares foram chamados e entrevistados pelos peritos. Na ocasião, também coletaram material genético de referência, levantaram informações sobre características físicas e odontológicas e dados das circunstâncias de seu sumiço.
Um dos documentos coletados, uma foto da mão de Rafael, feita no ano de 2011, aproximadamente, mostrava a falta da ponta do dedo indicador direito.
"Após essa suspeita inicial, que já tinham esses indicadores fortes de proximidade temporal e geográfica e falta do indicador direito, foi feita a exumação do cadáver", informou o superintendente.
A exumação ocorreu em novembro de 2024. No exame pericial, conforme Braga, foram constatadas várias convergências entre a ossada analisada e os documentos que a família levou na entrevista antropológica, como prontuários médicos.
Segundo a Polícia Científica, esse foi o primeiro caso atendido pelo Programa Conecta que pôde ser resolvido sem a necessidade do processamento do material genético.