Em dois anos, a população em situação de rua em Santa Catarina cresceu de 5.678 pessoas em 2021 para 9.989 em 2023, um aumento de 76%. O dado, divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da UFMG, supera a média nacional de 65,5% no mesmo período. Criciúma lidera o ranking estadual em crescimento proporcional, enquanto Florianópolis registra o maior número absoluto de pessoas nessa condição.

Grande Florianópolis concentra maior parte da população

A região da Grande Florianópolis abriga 35% da população em situação de rua no estado. A capital, Florianópolis, conta com 2.749 pessoas, representando 27,5% do total estadual. Joinville ocupa o segundo lugar, com 1.116 pessoas, seguida de Itajaí (644) e Blumenau (504).

Esses municípios, juntamente com Balneário Camboriú, Lages, Criciúma, São José, Tubarão e Palhoça, somam 70,5% de toda a população em situação de rua de Santa Catarina.

Fatores e desafios

Segundo André Luiz Freitas Dias, coordenador do observatório, o aumento pode ser atribuído ao fortalecimento do CadÚnico, principal registro para acesso às políticas sociais no Brasil. Ele também destaca a carência de políticas estruturantes para moradia, trabalho e educação como fatores que agravam o problema.

Além disso, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) identificou casos de envio de pessoas em situação de rua de outros estados, como São Paulo e Bahia, para municípios catarinenses.

Perfil da população

Homens representam a maioria (89%) das pessoas em situação de rua em Santa Catarina. Quanto à cor/raça, 61,4% se declaram brancos, 37,6% negros, 0,51% indígenas e 0,38% amarelos. Cerca de 14% possuem alguma deficiência, e 42,3% têm ensino fundamental incompleto. A maior parte tem entre 18 e 59 anos.

Respostas das autoridades

O governo de Santa Catarina reconhece os desafios, mas ressalta medidas como repasses financeiros aos municípios, implementação de casas de passagem e centros especializados, e a criação de um Protocolo Estadual para Pessoas em Situação de Rua.

Nos municípios, ações como ampliação de abrigos, atualização de cadastros e oferta de alimentação e atendimento social têm sido adotadas. Em Florianópolis, por exemplo, a prefeitura mantém cerca de 500 vagas em abrigos e um Restaurante Popular para alimentação.

Ranking do aumento proporcional por cidade

Entre 2021 e 2023, as cidades com maior crescimento proporcional da população em situação de rua foram:

1. Criciúma: 175,74% (de 136 para 375)
2. Florianópolis: 109,23% (de 1.314 para 2.749)
3. Palhoça: 102,80% (de 107 para 217)
4. Balneário Camboriú: 94,55% (de 220 para 428)
5. Itajaí: 92,81% (de 334 para 644).