A comerciante Lucenir Maria da Silva conheceu seu irmão Severino Estevam, de 68 anos, no início deste mês, num hospital de Criciúma, após 56 anos sem qualquer tipo de contato. Ela disse que está ansiosa para reencontrá-lo. "Naquele dia, que seria uma noite triste e cansativa, passamos a madrugada fofocando. Foi muito divertido", comentou.
Lucenir e o funcionário público aposentado Severino, irmãos por parte de pai, foram alocados no mesmo quarto da Unimed Criciúma em 2 de outubro. Em meio a conversas, viram que suas histórias tinham muito em comum.
"É uma história muito delicada, tanto pra ele como para a gente. Mas eu jamais imaginava, não sabia nem o nome dele, nem por onde procurar, nem o nome da mãe dele. Nada, nada mesmo. Nem sabia que estava em Araranguá. Foi uma coisa muito linda, muito divina mesmo", disse.
Moradora de Balneário Arroio do Silva, Lucenir estava no hospital apenas para acompanhar o marido, que fez uma cirurgia e foi encaminhado para a unidade de internação. Lá já estava Severino, junto da esposa, em recuperação após um período na UTI.
"Eu fiquei lá, me acomodei na cadeira. Cortina fechada. Do outro lado, tinha o paciente. Eu tinha ido até a cama dele uma hora ver se dava de carregar o celular lá, já tinha ido para perto deles... mas eram duas pessoas estranhas, né? Voltei para a minha cadeira, conversando com meu marido, e depois ele puxou assunto".
Ainda com a cortina que divide o cômodo fechada, os casais começaram a conversar, e foram percebendo pontos em comum em suas vivências.
“O meu marido e o Severino comentaram onde moravam, onde cresceram, coincidiu que todos nós éramos de Araranguá. Falaram da Praia da Caçamba, no Arroio do Silva, da Lagoa do Caverá, que é onde a minha família morava, e todos esses lugares o Severino conhecia também. Foi quando falei ‘eu sou filha do Pedro Miguel, você conhece?’”, conta Lucenir.
Nesse momento, a esposa de Severino, sabendo da história, chamou Lucenir até a área onde estavam.
"Esse é o momento que, até hoje, eu me emociono para falar. Fui até lá, e ela falou: 'tu conheces esse aqui?'. Eu disse que não, não conheço ele. Falou assim: esse é teu irmão, filho do seu Pedro Miguel." "Eu fui até ele e me emocionei muito, né? Imagina. Peguei na mão dele e agradeci a Deus por ele estar ali, por ele estar vivo. Porque eu estava muito feliz", completou.