No último domingo (20), um grave acidente na BR-376 resultou na morte de nove pessoas e deixou apenas um sobrevivente. De acordo com depoimentos à Polícia Civil, o caminhão que causou a tragédia apresentava problemas mecânicos. A carreta descontrolada colidiu com a van da equipe de remo Tissot, que retornava a Pelotas (RS) após uma competição em São Paulo.
Informações exclusivas obtidas pelo Fantástico revelam que, durante a viagem, o caminhão parou três vezes por questões mecânicas. A primeira parada ocorreu dois dias antes do acidente, em São Paulo, quando o motorista, Nicolas de Lima Pinto, de 30 anos, ficou sem combustível.
No sábado, o motorista já no Paraná, enfrentou problemas com a embreagem. O caminhão foi rebocado, e um mecânico foi chamado para a manutenção, substituindo a embreagem. No entanto, o profissional deixou o local antes de concluir o serviço, pois um colega se feriu. Outro mecânico finalizou a reparação no dia seguinte, e Nicolas seguiu viagem, mas, uma hora e meia depois, os freios falharam e ocorreu a colisão.
Após o acidente, Nicolas se submeteu ao teste do bafômetro e concordou em fazer um exame toxicológico. Esta era sua primeira viagem como caminhoneiro, após obter a habilitação para a categoria E no início do ano. Em depoimento, ele relatou a falha nos freios, afirmando: “Tentei usar o freio motor, mas não segurou. O caminhão apagou, tentei engatar, mas não consegui, e então aconteceu o acidente.”
Investigações iniciais indicam que o caminhão estava a 100 km/h, em um trecho onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h, devido às curvas acentuadas, além de condições de chuva e neblina. Apenas um dos dez freios do caminhão funcionava plenamente, enquanto quatro apresentavam desgaste e cinco estavam inoperantes. O proprietário do veículo, Heloide Longaray, declarou ter feito a revisão dos freios em setembro.
O delegado Edgar Santana informou que o inquérito policial foi aberto inicialmente para investigar o crime de homicídio culposo, que pode resultar de falha mecânica ou falta de habilidade do motorista.
A defesa de Nicolas argumentou que ele dirigia de maneira prudente e que qualquer eventual excesso de velocidade deveria ser atribuído à falha mecânica dos freios. Já os advogados do proprietário do caminhão afirmaram que todas as normas de segurança foram seguidas.
Vítimas do Acidente
Entre as vítimas estão Ricardo Leal da Cunha, motorista da van, e diversos jovens da equipe de remo, todos do projeto “Remar Para o Futuro”, de Pelotas. Os atletas voltavam de um evento em São Paulo, onde conquistaram sete medalhas. O único sobrevivente, João Pedro Milgarejo, de 17 anos, foi resgatado e está em recuperação.
Os nove corpos foram velados em Pelotas, com a cerimônia iniciando na terça-feira (22) e atraindo cerca de mil pessoas que prestaram suas homenagens.