Um cirurgião plástico de Florianópolis, Marcelo Evandro dos Santos, foi indiciado por lesões graves e permanentes em uma paciente, conforme as investigações em andamento. De acordo com o inquérito policial, enviado ao Ministério Público de Santa Catarina no dia 14 de outubro, o médico é acusado de mutilar e deformar a vítima de forma irreversível durante um procedimento cirúrgico.
O delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, destacou que a situação pode ser agravada por possíveis perdas funcionais, especialmente em relação às mamas da paciente. Apesar da gravidade das acusações, a polícia optou por não solicitar a prisão preventiva do cirurgião.
As denúncias surgiram após a neuropsicopedagoga Letícia Mello, que se submeteu a uma cirurgia com o médico no início de 2024, compartilhar sua experiência. Desde então, novas vítimas começaram a ser identificadas, embora ainda não tenham registrado queixas formais. "Estamos cientes de outras vítimas que, por enquanto, não formalizaram suas denúncias", revelou o delegado.
Em entrevista ao programa Domingo Espetacular da Record, Letícia relatou que inicialmente buscou o cirurgião para trocar uma prótese de silicone e obter informações sobre uma "lipo lad". No entanto, o médico sugeriu realizar vários outros procedimentos não combinados previamente.
Ela passou 10 horas na mesa de cirurgia e foi submetida a 12 intervenções, resultando na perda de seios e mamilos, além de feridas abertas que persistiram por 20 dias e cicatrizes permanentes em diversas partes do corpo. A quantidade de tecido removido ultrapassou o permitido pelo Conselho Federal de Medicina, com Letícia perdendo mais de 10% do seu peso corporal durante o procedimento.
O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina iniciou uma sindicância para apurar a conduta do cirurgião, que segue ativo em seu registro profissional, apesar das graves acusações.