Os incêndios recordes no interior de São Paulo desde o fim da semana desafiam a capacidade de atuação das autoridades e estabeleceram um cenário caótico em diferentes cidades paulistas: casas evacuadas, rodovias bloqueadas, pessoas impossibilitadas de chegar ao destino, sujeitas a condições respiratórias extremas de poluição e assustadas com paisagens desoladoras, aeroporto sem operações, além de picos no fornecimento de energia elétrica e de água.
Depois de dois dias de recordes de mais de 2,3 mil incidentes com fogo, que colocaram o estado no topo de ocorrências no país, com 45 cidades em alerta máximo e em situação de emergência por 180 dias, as chamas continuam a avançar em áreas de vegetação e plantações, principalmente na região de Ribeirão Preto (SP), centro de uma força-tarefa anunciada pelo governo estadual, com apoio das Forças Armadas, como tentativa de amenizar a emergência climática.
Durante o sábado (24), a expectativa de qualquer melhora nessa situação foi frustrada por mais 305 focos de incêndio contabilizados pelo Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com destaque para localidades como Cajuru (SP), Altinópolis (SP), Olímpia (SP) e Serra Azul (SP).
"Além do nosso efetivo operacional, dobramos nossa capacidade de atendimento operacional, mesmo assim a perspectiva é muito crítica", afirmou Fernando Roberto, capitão do Corpo de Bombeiros que responde por 23 cidades da região.
Os números já consolidam este mês como o de mais registros de focos de incêndio de toda a história desde que as medições do Inpe começaram, há 26 anos.
Apenas em Ribeirão Preto, segundo a Defesa Civil, 14 focos estavam ativos durante a noite. O fogo chegou perto de casas e trouxe desespero a moradores, como em um condomínio de casas do bairro Alphaville, em Ribeirão Preto.