A escritora tubaronense Edla Zim publicou um vídeo em 2020, em que conta uma história curiosa que inspirou sua crônica "Eu queria matar o Silvio Santos". A história que conta com elementos do Baú da Felicidade e da Tele Sena, envolve um misto de comicidade e emoção.
Confira:
Leia a crônica na íntegra:
"EU QUERIA MATAR O SILVIO SANTOS
Se você riu da minha crônica das azeitonas, vai rir desta também, acredito. 1994, a bola da vez era o jogo da Telesena. Não éramos pobres, mas também, longe de sermos ricos, o que ajudava a ter em nossa casa, dois viciados na telesena e no carnê do baú. Se fôssemos fazer um balanço criterioso da fortuna de Silvio Santos, boa parte foi proveniente do dinheiro de meus pais, que não poupavam na compra de tais produtos. Vício pequeno eu sei, porém, contínuo. Durante quase 25 anos, o baú da felicidade (leia-se felicidade pro Silvio) alimentou o sonho de uma vida melhor para papai e mamãe. Mas, o ano de 94 marcou minha vida. Convidada para passar uma semana na casa de uma amiga em São Paulo, depois de passar por uma turbulência na minha vida, ela dizia que São Paulo e alguns passeios me trariam um pouco de diversão. Aceitei e lá fui eu, buscar um pouco de distração, para “desanuviar a cabeça”, como dizia minha vó.
Acontece que minha querida mãe me deu a árdua tarefa de trocar telesenas e uma pilha de carnê do famoso baú, por uma televisão.
Você pode imaginar uma matuta que nunca tinha ido para São Paulo, andar de loja em loja pra tentar conseguir trocar os carnês por um aparelho de TV?
Na verdade, quanto mais eu andava, mais me perdia. Quanto mais me perdia, mais odiava o baú, a telesena, o Silvio, o SBT. Cheguei ao ponto de querer matar o Silvio Santos, pois estava vendo o momento de voltar para Tubarão, com um monte de panelas e outros acessórios pra cozinha. Todos de ótima qualidade, mas não era a tão sonhada TV com controle remoto.
Por fim, quando estava desistindo, Denise tinha um amigo que manjava destas coisas de baú e me deu uma força. Aliás, todas as forças. A TV era pesada e eu não consegui sequer levantá-la do lugar. O desespero já começou na loja, pois nem imaginava como levar uma TV, que pesava tanto quanto eu.
Inacreditavelmente, cheguei em Tubarão com a bendita televisão e quando ela me convidou para assistir o programa do Silvio eu fugi da sala e não voltei. Até hoje, quando vejo o Silvio Santos na TV, lembro da minha peregrinação em São Paulo, por conta do Baú da Felicidade. Felicidade dele!