Eventos extremos como as recentes chuvas e inundações no Rio Grande do Sul estão se tornando mais frequentes e intensos, dizem cientistas. Mas o que as cidades podem fazer para se proteger?
O arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de cidades-esponja, sugere parar de "lutar contra a água" e investir em soluções naturais e sustentáveis. Segundo ele, grandes barragens e diques não são eficazes a longo prazo.
Yu defende a criação de infraestruturas verdes que imitam o ciclo natural da água, permitindo que ela seja absorvida pelo solo, retida e liberada lentamente. Esse conceito já foi aplicado em várias cidades da China, Tailândia, Indonésia e Rússia, e pode ser adotado em qualquer lugar, inclusive no Brasil.
A estratégia das cidades-esponja envolve três princípios principais:
1. **Retenção de Água**: Criar áreas permeáveis, como lagos artificiais e açudes, e usar telhados e fachadas verdes para absorver a chuva.
2. **Desaceleração do Fluxo de Água**: Utilizar rios sinuosos com vegetação para reduzir a velocidade da água, criando áreas verdes e habitats naturais.
3. **Áreas Alagáveis**: Desenvolver zonas onde a água possa escorrer sem causar danos, com estruturas naturais que a contenham temporariamente.
Além de prevenir enchentes, esse modelo pode ser útil durante secas, armazenando água para irrigação e manutenção de áreas verdes. Yu ressalta que as cidades-esponja são uma resposta eficiente e sustentável às mudanças climáticas.
O conceito foi oficialmente adotado na China em 2015, com o "Programa Cidade-Esponja", que incentivou a criação de parques e infraestrutura verde para controlar a água. Exemplos incluem o Houtan Park em Xangai e o Parque Florestal Benjakitti em Bangkok.
Apesar de alguns desafios na implementação, Yu acredita que as cidades-esponja, combinadas com outras medidas de contenção, podem oferecer uma solução duradoura e adaptável para as inundações.
Ele também incentiva a população a transformar seus jardins e telhados em esponjas, ajudando a absorver a água da chuva e mitigando as consequências das tempestades cada vez mais intensas.