Após uma urna funerária ter sido abandonada por um cliente em um bar de Itapema, no Litoral de Santa Catarina, o proprietário do estabelecimento busca informações sobre o que fazer com o objeto. Deixada há pelo menos 20 dias no local, ninguém voltou para buscá-la até a quinta-feira (8), segundo Ademilson Quaresma.
“Eles [familiares da pessoa que teria sido cremada] me ligaram ontem [quarta-feira] e disseram que viriam buscar com o documento da pessoa que está ali [na urna]. Disseram que tem um nome dentro e que iriam me comprovar com o documento, só que até agora não veio ninguém”, disse.
Sem saber o que fazer com o objeto, Zico, como é conhecido, chegou a chamar a Polícia Militar. Os policiais informaram, segundo ele, que enviariam uma viatura, mas ninguém foi até o endereço. Segundo o professor de direito penal Guilherme Silva Araujo, se o abandono de cinzas foi proposital, configura crime.
A lei, conforme o advogado, pune quem vilipendiar cadáver ou suas cinzas. A ação pode ser definida como um crime contra o respeito aos mortos, e tem pena de um a três anos de detenção. Araujo orienta que, em casos como esse, a pessoa entre em contato com a Polícia Militar ou registre um boletim de ocorrência. Até a última atualização do texto, o proprietário do bar não havia feito um BO.
A Polícia Civil informou que “não há uma orientação específica do que se fazer com as cinzas” sem saber as circunstâncias do ocorrido. A polícia destaca que é necessário registrar a ocorrência para que haja algum tipo de diligência.
O dono do estabelecimento conta que o objeto foi abandonado no local por um homem, tarde da noite, que parou para comprar uma água no bar. Zico diz que o cliente chegou a questionar se ele gostava de objetos antigos enquanto pedia a bebida, e que ele respondeu positivamente.
Segundo Zico, a sacola com a urna só foi percebida por ele ao final do expediente, quando fechava o bar. Estava ao lado do balcão. “Aí tinha um casal tomando cerveja lá fora, fui e mostrei. Disse: ‘olha que vaso bonito’. Aquela senhora deu um pulo pra cima assustada e disse: ‘meu Deus! Isso aí é uma urna de morto'”, relata.
Conforme o proprietário, agora a urna está guardada em um cofre no bar, aguardando por familiares ou uma solução. Ainda segundo Zico, há câmeras de monitoramento no bar, porém não estavam funcionando na ocasião. “Mas se eu vir o vivente (pessoa que deixou o objeto no local), eu o reconheço”, disse, ao afirmar que o homem nunca tinha entrado no estabelecimento antes.