A crueldade do caso do filho que planejou o assassinato dos pais e participou do ataque em Indaial, no Vale do Itajaí, chocou até mesmo a Polícia Civil. As investigações mostraram que o jovem de 18 anos chegou a escolher a dedo qual dos dois ele mesmo mataria.
Os detalhes do crime vieram a público nesta sexta-feira (2) e o delegado Filipe Martins, responsável pelo inquérito, disse que episódio é mais bárbaro do que o de Suzane von Richthofen, que impactou o Brasil em 2002.
Segundo o investigador, o jovem planejou o crime por pelo menos dois meses e ofereceu R$ 50 mil e mais um carro para que um amigo o ajudasse no assassinato. O ataque ocorreu na madrugada de segunda-feira (29), quando o casal dormia, mas não saiu como o programado.
Conforme Martins, o filho fazia questão de matar o pai e o outro ficaria responsável por assassinar a mãe. Porém, o homem acordou e entrou em luta com o amigo, que acabou o matando. "O filho então começou a esfaquear a própria mãe. Quando o amigo terminou de matar o pai, veio e também golpeou a mulher", revela o delegado.
Segundo os investigadores, a dupla fugiu acreditando que ambos estavam mortos. No entanto, a mãe estava viva. Após 20 minutos desmaiada, ela recobrou a consciência e conseguiu pedir ajuda. A mulher sobreviveu e continua internada. O marido dela, Márcio Elizeu Melo, 45 anos, estava morto quando a ajuda chegou. Ambos haviam sido esfaqueados aproximadamente oito vezes.
As investigações apontam que há dois meses o filho começou a planejar o assassinato dos pais. Ele repassou ao amigo detalhes sobre a localização das câmeras de segurança dentro do imóvel, indicando onde estava o ponto-cego que permitiria a entrada na casa sem ser registrada.
A polícia sustenta que no domingo (28) o casal foi dormir e o filho saiu do imóvel com uma mochila nas costas, por volta das 22h50min. Ele deixou uma janela e a porta dos fundos abertas. O rapaz foi até a casa do amigo, vestiu outra roupa e seguiram juntos para a residência do casal. Por ser uma área com muitas câmeras, a dupla decidiu passar pelo mato e o filho acabou perdendo a faca que usaria para matar o pai.
Pouco antes da meia-noite e meia, os dois entraram na casa e o filho foi até a cozinha buscar outra faca, já que tinha ficado desarmado. O pai ouviu o barulho e acordou, o que não estava nos planos, pois o jovem teria dito que a ideia era cometer o crime enquanto os dois dormiam.
Após esfaquearem eles, voltaram para a casa do amigo, onde o filho vestiu a roupa que aparecia usando quando saiu de casa. Já por volta da 1h, a polícia foi chamada. Uma hora depois disso, o jovem apareceu.
Um vizinho se prontificou a contar sobre o ataque para o jovem, para confortá-lo, sem nem suspeitar do envolvimento dele. Entretanto, o comportamento do mandante do crime teria levantado suspeita, pois já chegou se justificando sobre o paradeiro naquela madrugada.
O que ele não espera era que logo o álibi seria desmascarado e o amigo contaria sobre ter sido “contratado” para participar do crime. Uma testemunha confirmou ter presenciado quando a proposta cruel foi feita.
Nesta quinta-feira (1ª), os dois jovens de 18 anos, que até então não tinham histórico de violência de acordo com a Polícia Civil, tiveram a prisão preventiva decretada. No interrogatório o filho confessou. A motivação seria um “ódio grande dos pais”, nas palavras do delegado Filipe Martins. Ele era filho único e trabalhava na pequena empresa de metalúrgica do casal. O jovem disse que havia conflitos na relação profissional que se estenderam para a casa e ele não gostava de ser “tratado como mero empregado”.
"A Suzane von Richthofen abriu a porta para os assassinos dos pais entrarem. Esse jovem foi mais cruel: planejou e participou do crime", finaliza Martins.