Sidneia Daufemback Batista, 42, de Braço do Norte, é mãe de cinco filhas gêmeas. Evelin, Isadora, Poliana, Samanta e Vitória Batista. Hoje elas estão com 10 anos, mas dentro de duas semanas, dia 20 de agosto, completarão 11 anos desde que nasceram e viraram assunto na mídia. O ano era 2010, entre 10h45min e 10h53min, quando todas as cinco vieram à luz, prematuras, com 31 semanas de gestação. Permaneceram na maternidade por 41 dias, sempre na companhia da mãe, que participou de tudo e as amamentou por três meses.
Sidneia sempre teve o sonho de ser mãe, até em 2008 quando seu filho, Vitor, morreu de surpresa, dois dias após o parto. Dois anos mais tarde, sem perder a esperança, Sidineia descobriu a gestação quíntupla. “Aos dois meses eu soube. Foi um misto de emoções. Depois de administrá-las começaram os enjoos e muitas idas à Florianópolis a cada 15 dias, pois só lá encontrou um médico especialista em gravidez múltiplo”. Sidineia parou de trabalhar para preparar o quarto das meninas, no quarto mês, quando descobriu o sexo dos bebês. No sétimo mês elas nasceram.
Um parto histórico
No dia do nascimento das meninas, em 20 de agosto de 2010, foi um fato histórico. Teve a presença da jornais, TV, rádio, e na sala do parto da família de Sidneia, cerca de 30 médicos presentes. Uns preparados para qualquer emergência, outros para estudo, outros apenas para observar um fato raro na medicina. Nasceram todas bem, fortes e saudáveis, porém prematuras e precisavam de cuidados especiais. “Fiquei sempre por perto, acompanhando todos os cuidados, amamentei todas as bebês e aprendi muita coisa com as enfermeiras”.
Logo no início, uma separação
Aos poucos as meninas iam ganhando peso e ficando mais fortes. Pouco mais de um mês depois chegou o grande dia da alta. No começo “tudo muito confuso”, conforme descreve a mãe. Até que a rotina foi se organizando. No momento mais turbulento da vida de Sidneia, também veio a separação do marido. “Eu já enfrentava problemas no casamento, devido ao alcoolismo do meu ex-marido, e percebia que eu teria que encarar tudo sozinha mesmo”. Ficou sozinha, com dúvidas e sem dinheiro para sustentar as filhas. “Foi bem difícil. Me separei elas tinham quase seis meses”. As meninas já entendem as razões para isso. “Eu sempre fui pai e mãe, é uma situação bem resolvida entre nós”. Sidneia sempre se considerou organizada, mas naquele momento contou com apoio de pais e familiares.
Aprendendo a se reestabelecer
Em 2012, Sidneia conseguiu um apoio do Estado que ajuda no sustento das filhas até hoje. Passando-se os anos, as meninas começaram a frequentar a escolinha. Sidneia saía para fazer compras e tinha os pais sempre presentes. Até que em 2013 e em 2016, respectivamente, seu pai e sua mãe faleceram. “Precisei a aprender a me reestabelecer novamente”. Cada ano que passou, tinham muitas dificuldades, uma rotina agitada. “O momento do banho era agitado. “Banho vezes 5, mamadeira vezes cinco, pôr pra dormir vezes cinco”, descreve a mãe. “E ainda cuidar de todas as tarefas da casa”. A irmã sempre lhe ajudou com tudo.
A rotina atualmente
Hoje, com as filhas já com dez anos de idade, a rotina certamente facilitou um pouco. “Bem, talvez”, pondera Sidneia. “Acontece muita coisa”. É briga entre elas, confusão por causa de roupa, de lugar no sofá, quem dorme com a mãe, confusão por causa de bincadeira, de estudos. “Tem que ter um psicológico muito bom”. Mas apesar disso, elas são amigas e parceiras uma da outra. “Como estão maiores elas já ajudam em casa e seguem algumas regras para que tudo funcione bem, pois juntas somos mais fortes”.
Dentro de casa há sorteio semanal para saber quem será responsável por funções. Por exemplo: cada uma arruma a mesa, ou leva a roupa na máquina e tem preferência no banho em cada dia da semana. “Sempre fui uma mãe muito presente, atenciosa e precisei saber dividir o carinho e o colo de forma igual. Às vezes eu também preciso dividir um pedaço de bolo milimetricamente de tamanhos iguais. Por aí você já tira como são as coisas por aqui”.
Elas já frequentaram aulas de ballet, violão, de vôlei, de flauta, informática. Mas hoje, principalmente, vão à escola, uma semana em casa e outra presencial.
Transformações na pandemia
Nos últimos meses, com a pandemia, as mãe e as cinco filhas tiveram que mudar toda a rotina e seguir deixando de lado as coisas que crianças gostam: ir ao parque, brincar, ir à escola, abraçar os amigos. E com tudo vieram os cuidados setuplicados. Sidneia ajudava com as atividades. Tem dado muito trabalho Fico envolvida 100%, tirando dúvidas, reforçando explicações. E controlar cinco crianças dentro de casa não é fácil, além da divisão do computador em cinco. “Precisei definir o dia que cada uma abrirá as atividades no computador. Cada uma tem a sua vez”, conta. “Assim seguimos adaptando”.
Para Sidneia é cansativo e exaustivo, ela confessa. “Algumas semanas atrás as meninas já demonstraram algum estresse e irritação, então saímos num lugar mais isolado, onde tomamos ar fresco”. Para garantir a ordem, mesmo as minúcias são pensadas antes. “O cardápio do dia é pré-definido: o café da manhã, o lanche, a janta, pois quando bate a fome na turma não é fácil”. Ainda assim, as seis, mãe e filhas, sempre fazem piqueniques no quintal, ‘TikToks’, se divertem com os pets. “Estamos sempre juntas”.
Criar sozinha cinco crianças da mesma idade, sendo mãe solo, não é fácil. Mas o maior sonho de Sidneia é que elas possam sempre ter muita saúde, força, paz, para seguir no caminho dos estudos, da faculdade. “E que permaneçamos sempre unidas”.