O estudo foi coordenado pelos pesquisadores Daniel Martins-de-Souza, Marcelo Mori e Clarissa Lin Yasuda, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Thiago Cunha, da Universidade de São Paulo (USP), que contaram com financiamento da Fapesp. Também participaram representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e do Instituto D’Or.
O artigo com os resultados foi publicado em versão pré-print na plataforma medRxiv e segue em avaliação por uma revista científica internacional.
Os resultados revelam que:
o vírus infecta e se replica nos astrócitos, que são as células mais abundantes do sistema nervoso central e têm formato de estrela.
foram observadas atrofias em áreas relacionadas, por exemplo, à ansiedade, um dos sintomas mais frequentes no grupo estudado.
Mecanismos de ação do vírus
Segundo os pesquisadores, foram feitas duas grandes descobertas em relação ao mecanismo de ação do vírus. Quando o SARS-CoV-2 entra no cérebro ele ataca uma espécie de célula de apoio responsável pelos processos metabólicos, dificultando a produção de energia e a nutrição dos neurônios e, consequentemente, podendo levar à morte do tecido cerebral.
Alguns estudos já haviam demonstrado a presença do novo coronavírus no cérebro, mas desta vez os experimentos comprovaram que a infecção e replicação nos astrócitos.
A presença do vírus foi confirmada nas 26 amostras estudadas, coletadas por meio de autópsia minimamente invasiva realizada em pacientes que morreram por causa da Covid-19.
Além disso, o estudo traz mais indícios de que a via de acesso para o cérebro é o nariz. Em outro braço da pesquisa, a análise de imagens de ressonância magnética em pacientes leves que não tinham precisado ainda de hospitalização demonstraram uma redução importante do córtex cerebral em algumas regiões próximas às vias aéreas, chamada de região orbitofrontal, comprovando que se tratam de alterações da estrutura cerebral.